Na nossa cultura não se costuma falar e pensar sobre a morte. Vamos “despraticar” a norma?
A morte é a porta de entrada da vida, todos os demais acessos da vida humana são acessados por coisas bem menos valiosas (sucesso, beleza, muita saúde, bens e etc). Quando olhamos para a morte, a vida passa a ter muito valor e a lucidez fica mais acessível. A experiência humana vem dos fracassos, adversidades, desafios e medos, não podemos deixar para mudar o conceito de vida após a iminência de morte. A morte é óbvia, que nos faz perceber que a vida vale muito a pena ser vivida, ou seja, é uma ponte para uma vida com muito sentido.
O suicídio é o sofrimento psíquico existencial intenso, provocado por dificuldade de poder escolher, renunciar e discriminar o que é bom ou ruim para si. Os processos autodestrutivos são aprendidos e infelizmente não aprendemos a escolher viver o bem da própria essência. A morte é muito temida pelo homem. Medo é lidar com o desconhecimento absoluto, sendo assim, o medo da morte pode ser evitado a partir da compreensão e aceitação da própria evolução humana.
A ideação suicida inicia a partir da Anedonia (falta de prazer), que é muito recorrente e crescente na nossa sociedade, aumentando significativamente o índice de depressão e ansiedade. Não nascemos sem prazer de vida, aprendemos de acordo com as nossas experiências.
Você tem ideação suicida? Qual é o sabor que você sentia antes?
Sabia que é possível resgatar os sabores dos prazeres já vividos?
Os geradores de sofrimentos, comumente surgem a partir de sentimentos que não são expressados, como culpa, raiva, desesperança, desespero, desamparo, amor não correspondido, expectativas frustradas, medo, vergonha, entre outros sentimentos inóspitos, que impedem o sentido de prazer. Nesta compreensão, surge então, o ato definitivo para um problema temporário, a MORTE.
É comum que a pessoa tenha a ideia utópica de que conhece as coisas e pode controlar a vida, porém é uma falsa ideia, que impede novos pensamentos, sentimentos e comportamentos saudáveis. A inflexibilidade na aceitação das fases do desenvolvimento, trazem muito sofrimento.
A vida é efêmera, não temos clareza de quanto tempo temos, mesmo diante de uma morte anunciada (doença grave), exceto quando a pessoa vislumbra a própria morte. Ninguém está pronto para morrer, mas todos temos capacidade de nos prepararmos para viver bem, sabendo lidar com os diferentes sofrimentos comuns da natureza humana, como o sofrimento físico, emocional, social, familiar e espiritual, buscando um estado de amorosidade à vida.
“O ser humano se diferencia por ser o único a ter consciência sobre sua finitude”. Melo; Valle.
Apesar de a morte ser reconhecida como natural, universal e inevitável, o ser humano é incapaz de imaginar a sua própria morte, com tendência a fuga e esquiva do assunto, que contribui para a dificuldade em lidar com a finitude humana.
Vamos todos contribuir com a prevenção ao suicídio? Fale sobre, pense sobre, compreenda e aceite a evolução humana e:
“Ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana“. Carl Jung.
Eliane Silva
Psicóloga – CRP 07/28805
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